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E eu também não me arrependo de nada

  • Mirian, a Carla
  • 30 de mar. de 2015
  • 3 min de leitura

Olá querida leitora, sou Mirian, contribuirei neste espaço trazendo sugestões de leituras y otras cositas más.

Há alguns dias, desde o convite feito por Lulie, estou pensando na melhor maneira de me apresentar e, com isso, dar a conhecer meu trabalho. Resolvi fazê-lo parafraseando Gioconda Belli, que também será nossa primeira autora resenhada. Assim, de onde estou observo a mulher que sou: esta mulher louca, terna vulnerável, que se apaixona feito puta triste por causas justas, gente bonita e palavras divertidas.

Creio que você pode ter se identificado com essas palavras e, de fato, essa é a sensação mais recorrente a quem lê Gioconda. Não apenas porque ela trata do feminino, das mulheres, mas porque ela traz personagens complexas, seres humanos integrais.

Por isso, minha primeira sugestão de leitura é seu romance “A Mulher Habitada”. A narrativa tem duas protagonistas, Lavínia e Itzá. A primeira é uma moça educada na Europa que ao voltar ao seu país natal começa a encarar a realidade em sua faceta mais cruel, por isso, acaba se envolvendo com militantes que lutam para livrar a nação de um ditador que há anos a domina. A segunda é uma índia que lutou contra os invasores espanhois e, agora, serve de guia à Lavínia. As duas mulheres, em seu tempo e a seu modo, agem para defender seus ideiais. Nenhuma das duas aceita passivamente o papel que lhes é designado, o espirito de Itzá que passa a habitar o corpo de Lavínia, ajudando-a em suas decisões, pode ser entendido também como uma reconexão das mulheres com sua ancestralidade. Se não digo mais sobre o enredo é para não estragar a surpresa de quem o lerá.

É um livro muito forte, para mim foi um divisor de águas. Outro dado importante é que Lavínia é praticamente um alter-ego de Gioconda Belli que tomou parte na Revolução Sandinista, na Nicarágua.

A seguir, para dar uma prévia, trago o poema citado no começo do texto, logo:


No me arrepiento de nada


Desde la mujer que soy,

a veces me da por contemplar

aquellas que pude haber sido;

las mujeres primorosas,

hacendosas, buenas esposas,

dechado de virtudes,

que deseara mi madre.

No sé por qué

la vida entera he pasado

rebelándome contra ellas.

Odio sus amenazas en mi cuerpo.

La culpa que sus vidas impecables,

por extraño maleficio,

me inspiran.

Reniego de sus buenos oficios;

de los llantos a escondidas del esposo,

del pudor de su desnudez

bajo la planchada y almidonada ropa interior.

Estas mujeres, sin embargo,

me miran desde el interior de los espejos,

levantan su dedo acusador

y, a veces, cedo a sus miradas de reproche

y quiero ganarme la aceptación universal,

ser la Gioconda irreprochable.

Sacarme diez en conducta

con el partido, el estado, las amistades,

mi familia, mis hijos y todos los demás seres

que abundantes pueblan este mundo nuestro.

En esta contradicción inevitable

entre lo que debió haber sido y lo que es,

he librado numerosas batallas mortales,

batallas a mordiscos de ellas contra mí

-ellas habitando en mí queriendo ser yo misma-

transgrediendo maternos mandamientos,

desgarro adolorida y a trompicones

a las mujeres internas

que, desde la infancia, me retuercen los ojos

porque no

quepo en el molde perfecto de sus sueños,

porque me atrevo a ser esta loca, falible, tierna y vulnerable,

que se enamora como alma en pena

de causas justas, hombres hermosos,

y palabras juguetonas.

Porque, de adulta, me atreví a vivir la niñez vedada,

y rompí lazos inviolables

y me atreví a gozar

el cuerpo sano y sinuoso

con que los genes de todos mis ancestros

me dotaron.

No culpo a nadie. Más bien les agradezco los dones.

No me arrepiento de nada, como dijo la Edith Piaf.

Pero en los pozos oscuros en que me hundo,

cuando, en las mañanas, no más abrir los ojos,

siento las lágrimas pujando;

veo a esas otras mujeres esperando en el vestíbulo,

blandiendo condenas contra mi felicidad.

Impertérritas "niñas buenas" me circundan

y danzan sus canciones infantiles contra mí

contra esta mujer

hecha y derecha,

plena.

Esta mujer de pechos en pecho

y caderas anchas

que, por mi madre y contra ella,

me gusta ser.

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Se quiser saber um pouco mais sobre Miriam, a Carla clique aqui.



 
 
 

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