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Tudo é questão de ponto de vista.

  • Foto do escritor: Lulie Rosa
    Lulie Rosa
  • 24 de abr. de 2015
  • 3 min de leitura

Hoje a dica é o filme de Sofia Coppola, Maria Antonieta(2006) que foi aclamado no Oscar, mas obviamente detestado em Cannes, lendo um pouco sobre o contexto histórico francês daquela época, vejo que o que pode ter motivado tal crítica pode ter sido a perspectiva adotada pela diretora, que constrói o filme pelo ponto de vista que favorece a Anti-heroína Maria Antonieta, figura que recebeu desde sua entrada na França o desprezo do povo francês.

Apesar de sutil fica evidente que existe uma empatia da diretora com sua personagem principal, o que não acontece em versões anteriores.

O alto investimento em figurino e fotografia que deixam o filme muito agradável aos olhos serve também para evidenciar o luxo, a ostentação e o desperdício da nobreza em Versalhes.

Mas, diferente do que o próprio povo francês acusou Maria Antonieta, Sofia Coppola mostra que Versalhes foi que a tornou ostensiva e esbanjadora, é discrepante o estilo de vida que Maria Antonieta levava na Áustria e o que foi “oferecido” ou imposto à ela ao chegar na França.

A própria Maria Antonieta na versão de Coppola considera ridícula toda a pompa da conte francesa, trata com desdém a maioria dos cuidados desnecessários que recebe, e ficam evidente seus motivos para tornar-se tão fútil quanto todo o resto da corte, o próprio ritmo do filme evidencia seu tédio e o desprezo sexual que recebe por parte do marido, além de toda a cobrança por sua família e pela corte francesa que exigia do casal o novo príncipe herdeiro, tanta responsabilidade combinada a tanta juventude leva Maria Antonieta a se mover em busca de diversão.

A diretora mostra uma rainha simpática e divertida, um tanto despreocupada, que valoriza momentos agradáveis como o nascer do sol, e as boas e divertidas amizades, além disso, mostra um relacionamento tranquilo e afetuoso entre o casal real. Deixa claro que cada um tinha suas preferências e que se respeitavam em suas diferenças.

E vai além, ao mostrar que Maria Antonieta apesar de ter sido acusada por ser quem faliu a França, por seus gastos exorbitantes, valoriza e tem como seu paraíso a vida simples do sítio, mostra a mulher que valoriza o cuidado com a filha, apesar de todo afastamento imposto pela corte.

A diretora na verdade humaniza a mulher, mostra a anti-heroína francesa como um ser que nasceu e foi criada para ser exatamente como foi, ela a aproxima do público e aproxima o público daquele contexto histórico ao implantar elementos contemporâneos em cenas épicas.

O que consigo trazer para a contemporaneidade é que apesar da história se passar no Antigo Regime ainda vivemos num mundo cheio de diferenças sociais, apesar de hoje o consumo ser comum à outras classes, ainda existem jogos de interesses e grupos que vivem em total afastamento da realidade da maioria e apesar das classes existirem e de alguns serem realmente privilegiados materialmente, isso não faz deles menos humanos ou malvados.

O olhar empático de Sofia Coppola sobre a rainha mostra outro ponto de vista para a mesma história, e o que é a história se não pontos de vista?

Eu indico o filme, não é o melhor de todos os tempos, mas vale a reflexão, fica mais legal se o ânimo permitir ver outros sobre a rainha Maria Antonieta para comparação, agora quero ver o último sobre ela, que a coloca dentro de um relacionamento homoafetivo, “Adeus, Minha Rainha” de Benoît Jacquot.

Pra quem se interessar da até pra ver online, no Toca dos Cinéfilos, basta fazer um cadastro muito simples. Para acessar clique na imagem.

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